Descrição: Tal como a vizinha rocha 1, a rocha 2 de Piscos é uma das mais conhecidas rochas decoradas da região, integrando o conjunto das mais importantes da arte do Côa, não só na Ribeira de Piscos mas no todo da região, tendo sido a primeira onde se identificou uma figura humana paleolítica. É um afloramento de xisto localizado na margem esquerda da ribeira de Piscos, cerca de 10 metros a jusante da rocha 1. O afloramento apresenta uma diáclase vertical onde foi realizada toda a decoração, orientada a Sudeste, voltada à ribeira.
A decoração distribui-se por toda a superfície, com maior incidência no sector direito, onde a superfície é mais alta e ampla. Foi toda realizada por gravação, com recurso à técnica da incisão. Apresenta um pouco mais de 25 figuras, divididas por dois períodos cronológicos: Época Moderna, e Paleolítico Superior.
As gravuras modernas concentram-se na parte inferior do painel do lado direito da rocha, e resumem-se a um pentalfa e mais alguns traços.
As gravuras paleolíticas pertencem todas à fase Magdalenense, tendo-se contabilizado 25 figuras. Estas são maioritariamente representações zoomórficas, incluindo vários animais indeterminados, e com quantidades equivalentes – cerca de dois ou três – dos principais motivos zoomórficos típicos da arte paleolítica: auroques, cavalos, cervídeos e caprinos. Destaca-se também, no sector esquerdo do painel e de percepção visual particularmente difícil, o que poderá ser um felino, numa representação incompleta e de interpretação incerta. Há também alguns signos simples, incluindo feixes de traços e conjuntos de traços paralelos, assim como um ziguezague. O principal conjunto de figuras surge na parte mais alta do painel, no sector direito da rocha. Consiste num grande auroque estriado, que parece ter sido refeito algumas vezes, sobre o qual foi colocado um pequeno cavalo. Sobre estas foi colocada a figura de maior notoriedade desta rocha, uma figura antropomórfica que, com aproximadamente 50 cm de altura, é a maior figura humana paleolítica na região. É uma figura masculina de perfil e com grande falo erecto, no que se interpreta como a representação do momento do orgasmo, numa cena de carácter onanista.
Origem/Historial: Junto com a rocha 1 ao lado, a rocha 2 da Ribeira de Piscos integrou a descoberta inicial deste sítio, em 14 de Novembro de 1994, mas com o inventário definitivo e fixação do seu número a serem realizados em 1996. Foi a primeira rocha na região a ser identificada com a representação de uma figura humana paleolítica. O seu levantamento completo foi realizado em 1995, publicado várias vezes desde então, e foi repetidamente objecto de numerosos registos fotográficos ao longo dos últimos anos. A partir de 1996 passou a integrar o circuito da visita pública ao sítio da Ribeira de Piscos. Em 25 de Abril de 2017 foi alvo de uma acção de vandalismo.